25/07/2024
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União mostra que o Ministério da Educação nunca criou metas nem critérios para orientar os investimentos no Fies e no Prouni Keisse Batista, de 25 anos, estudou a vida toda em colégios públicos de Manaus. Na hora de prestar vestibular, contudo, não conseguiu uma nota alta o suficiente para que pudesse ingressar em universidades do governo. Decidida a cursar ciência da computação, conformou-se em estudar numa faculdade particular, o Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (Ciesa). Não tinha dinheiro para custear a mensalidade, que na época era de 450 reais, e por isso se cadastrou no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O programa, criado pelo governo federal em 1999 e expandido durante as gestões do PT, custeia a mensalidade de alunos que, por conta própria, não conseguiriam arcar com os boletos de uma universidade privada. O financiamento pode ser parcial ou integral. O governo dá, mas cobra: depois de se formar, o estudante que contraiu empréstimo deve quitá-lo integralmente, com o benefício de pagar uma taxa de juros inferior à praticada no mercado de crédito. O cadastro deu certo, e Keisse entrou para a faculdade. O Fies arcava com 350 reais por mês; ela completava os 100 restantes com a ajuda do pai, um marceneiro autônomo que sustentava a casa. A jovem manauara seria a primeira da família a obter um diploma universitário. Em 2019, porém, sofreu uma crise de lúpus e precisou trancar o semestre. Estava no terceiro ano de faculdade. Depois vieram a pandemia e outras complicações – Keisse perdeu amigos para a Covid, o que a deixou muito abalada, e passou a ajudar o pai no trabalho, para complementar a renda da família. Nunca voltou à sala de aula. Sem diploma, não conseguiu emprego na área de ciência da computação; hoje, está desempregada. De sua passagem pela universidade, restou somente a dívida com o Fies, que este ano chegou a 14 mil reais. “Entrei no curso porque diziam que tinha muito emprego nessa área”, diz Keisse. “Agora só quero tirar meu nome do Serasa.” Até o início deste ano, ao menos 1,2 milhão de pessoas estavam na mesma situação, o que fez com que o governo federal lançasse um programa para socorrer os inadimplentes do Fies. Já foram renegociados 13 bilhões de reais em dívidas. Veja o texto na íntegra: Piauí
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